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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Homeland - 01x09 - Crossfire (Review)

 De certa forma, esse episódio veio amenizar minhas angústias em relação ao episódio anterior. Algumas respostas foram dadas, principalmente referente às motivações de Brody. E ao meu ver, ele seguiu um formato diferente, e dessa forma, o meu medo de que Homeland sempre tivesse uma mesma fórmula não aconteceu em Crossfire. Como no episódio "The Weekend", esse também fugiu do padrão. E focou a construção dos personagens, principalmente de Brody, seus sentimentos, suas memórias, suas justificativas.
>>>>> Spoilers Abaixo <<<<
Algumas pessoas podem dizer que o episódio foi chato. Mas eu não achei. Ele aprofundou o maior enigma da série, Sargento Nicholas Brody. E isso é maravilhoso. Faz a série soar muito melhor para mim. Constrói uma história de personagens complexos e não só uma trama de reviravoltas. Partindo de poucas perspectivas: a parte de Carrie, a de Brody e a de Walker, o episódio trouxe algumas respostas, e deixou perguntas também.
Quais as repercussões do assassinato dos mulçumanos  pelo FBI?  Essa é a parte de Carrie, que se vê em um pesadelo de relações públicas. O imã acusa o FBI dos assassinatos (com razão), mas o bureau não assume o seu erro. Carrie quer informações sobre Walker, mas o líder religioso se recusa a falar qualquer coisa, se o governo não assumir as suas responsabilidades. Mas fazer isso, pode trazer grandes problemas ao FBI, principalmente em relação a opinião pública. Ficar sem informações é problemático, acusar o FBI também. Carrie até tenta jogar a culpa no outra agência, mas Estes, com razão, impede essa atitude da agente. A falta de Saul é notada nesse ponto. Carrie precisa dos conselhos do seu mentor, mas ele está sumido. Será que a partida de Mira causou tantos problemas a ele? Ou ele guarda algum outro segredo? De qualquer forma, em uma conversa curta. Saul leva Carrie ao caminho certo e ela consegue as informações que precisava  através da esposa do Imã. È bom ver Carrie agindo de forma objetiva e eficiente, mostrando a tremenda agente que é. Quanto a Saul e a suspeita dele trabalhar com os terroristas, acho que se isso for verdade, seria devastador para Carrie. Ela confia nele e precisa dele para trabalhar bem.
A parte de Walker é  a mais curta, numa floresta, ele treina com uma arma de longo alcance. É interrompido por um caçador, que o reconhece, e depois de algum mistério, Walker acaba matando o homem  a sangue frio. Mostrando que  é capaz de matar facilmente e que levará sua misssão até o fim.
Agora a parte realmente importante é a de Brody.  Por que o sargento está em contato com Abu Nazir? Finalmente é mostrada uma luz sobre as motivações do personagem mais enigmático da série. Brody é capturado por agentes de Nazir, é colocado para dormir e tem memórias do tempo em que estava em cativeiro. Lá é mostrado Issa (ou Isa), um garotinho, o filho de Abu Nazir (considerando o aspecto manipulador desse personagem, é possível que não seja filho dele, e que o menino foi usado para converter Brody, mas olhando o panorama geral, prefiro achar que nem tudo foi armado pelo terrorista). Depois de 5 anos, sendo torturado e vivendo no escuro, o soldado é levado para uma casa confortável e se torna tutor ensinando inglês ao filho de Nazir. Depois de ganhar a confiança e o amor do menino, e claro que Brody também passa a amá-lo ( era como se fosse o filho com quem não tinha contato), Issa morre vítima de um ataque dos EUA com o propósito de pegar  Nazir. E não é só ele que morre, vários inocentes, dentre eles 83 crianças. Ao ver vice-presidente negar a morte dos inocentes, Brody se compremete com Nazir, e passa a ajudá-lo em seu plano. Será que ele continuará? Para isso segundo o terrorista, ele deverá aceitar a futura proposta do V.P. e concorrer a um cargo político.
Algumas pessoas podem achar o motivo de Brody fraco ou meloso. Eu achei excelente. Um motivo muito humano, e de certa forma, trás uma simpatia ao soldado. Pois ele tem razão, mataram o menino que era como um filho. E nem assumir as responbilidades, eles fizeram, um baita paralelo com a situação do ataque do FBI à mesquita. Além de tudo, é um foco muito corajoso, afinal é um crítica dura à política de guerra dos EUA. È enfiar o dedo na ferida da paranóia norte-americana pós 11 de setembro. E isso, numa série onde o público principal reside no país criticado. É a visão de que os mulçumanos também sentem, há crianças, inocentes entre eles, que são as principais vítimas dessa guerra. E por isso há esse rancor. Muito interessante. 
Li comentários do público norte-americano sobre Crossfire, alguns bem interessantes e surpreendentes. Como o que, de certa forma, responsabilizava.o próprio EUA pelo ataque de 11 de setembro por causa da sua política em outros países ( talvez essa visão vá um pouco longe demais, em minha opinião nem tudo é pau ou pedra), ou o que comentava sobre a invasão do Iraque, e a sua falta de motivação, já que o país não teve participação no ataque. Ao meu ver, uma visão mais ampla, sem a cegueira nacionalista, algo que não corresponde a visão de que todo estadunidense aceita as explicações do governo cegamente, como numa lavagem cerebral. Mas é claro que há os comentários extremistas, que acham justo a morte de crianças nessa guerra contra o "terror". Um até me chocou, pois colocava a culpa nas próprias crianças, pois os filhos de "maus" também serão "maus". E assim é "justo" matá-los. Não dá para adivinhar o futuro. E esse é um pensamento totalmente genocida. É hittler e outros assassinos de massa na cabeça! Não esperava uma ideia dessas vindo de uma pessoa esclarecida. É torpe justificar o assassinato de uma criança inocente com esse pensamento.
Bem, no fim um episódio bem denso. Aumentou mais ainda a minha simpatia por Brody. E a minha curiosidade sobre os acontecimentos da série. Há ainda as perguntas pedentes. E claro as novas. Será que Brody continuará trabalhando para Nazir? Ou a sua volta ao país fará ele notar os inocentes dos EUA? E as pessoas queridas no solo norte-americano? O que ele já fez para Nazir? Ele realmente trabalha para os terroristas ou tem outras intenções escondidas? Quem tentará matar o vice presidente?  Terá sucesso? Mal posso esperar o próximo episódio

2 comentários:

  1. Não acho nenhum episódio dessa série "chatos"... acredito que por se tratar de terrorismos, as pessoas esperem uma ação desenfreada, mas aqui o buraco é mais embaixo e um passo mal dado gera consequências, mortes inúteis...

    Uma série para assistir e pensar.

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  2. Dan, como Homeland é classificado como um thriller psicológico, acho que psicológico dá todo o diferencial, ação por si só não me satisfaz tanto assim, os personagens tem que ser bem contruídos, e ao meu ver Homeland tem esse diferencial.E eu adoro. Esse senso de moralidade ambigua em todos dessa série, sejam eles terroristas, sejam componentes do governo dos EUA. Parece que os dois lados tem razão. Ou até mesmo nas situações dúbias por isso até hoje ainda torço pelo Brody. Enfim, uma série excelente, na minha opinião a melhor surpresa dessa temporada.

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