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domingo, 11 de novembro de 2012

E Mais Nostalgia, Uma Professora Muito Maluquinha!

Já escrevi aqui, que às vezes, “perco” certos filmes (normalmente brasileiros) devido a sua passagem meteórica nos cinemas, ou até mesmo pela falta de divulgação dessas obras. Esse é o caso de “Uma professora muito maluquinha”, filme com Paola Oliveira, lançado em 2011, que eu nem sabia que tinha passado pelos cinemas.
O filme é baseado no livro do genial Ziraldo (adoro o que escreve, ele sempre parece entender as coisas como elas são e da maneira mais bela), sendo que o escritor é também um dos roteiristas, com certeza se soubesse da sua passagem pelas telonas, o teria assistido (correndo por sinal).  Mas ainda bem que há festivais, e assim pude descobri-lo e assisti-lo.
“Uma professora muito maluquinha” tem como personagem principal Catarina, ou Cate (como gosta de ser chamada), ou Dona Cate (já que toda professora tem que ter Dona no nome, né?).  A história se passa na década de 40 em uma cidade do interior de Minas. Com um olhar infantil conhecemos essa jovem inusitada e por que não revolucionária?  Uma mulher belíssima tanto de corpo como de alma. Uma professora amada por seus alunos, e com ótimas técnicas de ensino a frente do seu tempo (que até mesmo hoje não são aplicadas).  E além de tudo uma jovem em busca do amor verdadeiro e felicidade.
As idéias de ensino primam por sua luta contra o sistema atual.  E realmente as apreciei.  É o aprender por entusiasmo, e não por obrigação chata. Aprender pode ser divertido. Ensinar a paixão pela leitura, em vez de obrigar as crianças a lerem.  Dar obras que estimulem esse gosto como quadrinhos ou romances menos conhecidos.  Ensinar geografia, história, literatura juntas, no mundo não há uma separação tão definida.  Fazer pensar mesmo nas séries iniciais. Cantar, brincar, divertir e ser feliz.  Para que deveres de casa? Para que provas? Só sei que tudo isso abriu os meus olhos, me fez pensar também.
Claro que esse ensino tem os seus inimigos.  No caso as professoras mais antigas da escola que sempre levam suas reclamações ao padre Beto, o inspetor de ensino.  Assim tais personagens representam o modo tradicional em luta com esse novo, e essa felicidade que contagia os alunos de Cate ao aprender.
Há também reclamação em relação ao próprio jeito da professora.  Vista como namoradeira por muitos. Já que de espírito livre, gentil e alegre, ela é vista na companhia de vários moços da cidade, todos é claro, apaixonados por ela.
Toda essa história é guiada com uma grande delicadeza e beleza própria de uma grande obra infantil ampliada com o tom de nostalgia. Mas não é por ser direcionada a crianças que o assunto é bobo e tudo é mastigado, há discussões e visões sérias, começando pela forma de ensinar, a repressão e a própria busca da felicidade por Catarina.
Quem não viu o filme e não quer saber detalhes do final não leia os 3 parágrafos abaixo...
Falando um pouquinho dessa visão inusitada, e o padre? Se for pensar, não há nenhuma cena ousada ou errada entre Cate e padre Beto. Mas as insinuações (entrelinhas!) dão a indicação de que ele é o amor da vida dela, é o amigo de infância que sempre a amou.
Os ciúmes do rapaz, a felicidade dele por ela saber o seu doce preferido, os olhares, o abraço com ambos tristes pela morte do monsenhor e até mesmo as discussões deles. Sendo que ele apesar de ter opiniões contrárias ao seu método de ensino, procura protegê-la e acho que até mesmo a admira por suas idéias.  E ainda há as conversas entre ela e sua amiga, onde sentimentalmente não o considerava como padre, o chamando apenas de Beto e não querendo dizer os seus segredos a ele no confessionário.
O final culmina com a informação da fuga de Catarina com o namorado. Sendo que “todos” os pretendentes dela permanecem na cidade. Os alunos de Cate podem não se importar em descobrir com quem ela fugiu, se contentam em saber que ela busca a sua felicidade, outro tipo de felicidade. Mas e a curiosidade do espectador? E as pistas deixadas nesse final meio vago? Padre Beto não era um pretendente oficial, mas parece que ele sumiu da cidade também. Assim com quem Catarina fugiu?  Para mim com ele, o Padre Beto mesmo. Gente, e isso numa obra infantil! Adorei. Ou alguém chegou à outra conclusão desse final?
A partir daqui pode ler sem problemas! 

E a história é diferente até em seu fim não tão claro. Pois aposta na capacidade de entendimento do espectador (criança ou não) de resolver o enigma final do filme. Na capacidade de pensar!
Enfim, um ótimo filme capaz de encantar crianças e adultos. E ainda trazer aquele sentimento sublime das obras de Ziraldo. Um sentimento que tenho e não consigo descrever direito, mas parece me elevar para outro lugar. Quem não viu, corram para ver  “Uma professora muito maluquinha”.
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21 comentários:

  1. também fiquei deste jeito, acabei de ver o filme e estou super curiosa, estas entrelinhas me dizem que foi com o padre mesmo, lindo filme

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    1. O filme é encantador, e foi com o Padre, que sumiu da cidade, kkk. Muito lindo, nostálgico. Obrigada

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  2. O filme é lindo, no entanto, devo dizer que os métodos tradicionais de ensino são criticados e não aceitáveis.

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    1. Sim, é lindo mesmo. E também penso que os métodos tradicionais de ensino são criticado sim... A proposta do filme é mostrar outro método, se iria funcionar eu não sei, até por que minha área não é a educação.

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  3. É um filme direcionado para as crianças, mas que os adultos gostam de ver não uma, mas várias vezes, pelos detalhes embutidos nas cenas.
    Um a singela homenagem à todas as Professoras, principalmente as idealistas e sonhadoras por um Ensino melhor.
    Um dos melhores papeis - se não o melhor! - de Paola Oliveira, que domina e encanta em cena.
    E é claro! O final do filme, fugindo com o Padre Beto, brilhantemente sugerido e respeitado pelo Ziraldo!
    Vale ter na Videoteca!
    Parabéns, Cintia, pelo ótima descrição do filme!
    Abraços,
    Daniel...

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    1. A Paola tá uma diva nesse filme mesmo. Concordo com você acho que é um dos melhores papeis dela... E o filme é realmente direcionado para as crianças, mas que agrada a qualquer público. Já vi diversas vezes. E o final sugerido é realmente belo. Obrigada por deixar a sua impressão aqui.

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  4. Parabéns pelos seus pontos de vista sobre o filme.

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  5. Cíntia; Muito obrigado pelos seus comentários sobre o filme. Eles me inspiraram para assisti-lo. Foi muito bom mesmo. Sou professor e agora estou refletindo muito sobre os métodos que utilizo em minhas aulas e a forma em que me relaciono com meus alunos. Obrigado !

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    1. Me sinto honrada em fazer as pessoas refletirem, ainda mais um professor, pois sei que o futuro está nas mãos dos professores, e realmente temos de pensar mais em como educar as crianças, para quem sabe um dia, elas mudarem o país para melhor. Obrigada pelo seu comentário, me deixou muito feliz

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  6. Assisti esse filme ontem à tarde na Globo, e realmente é encantador, nostálgico, delicado, educativo e muito mais, tudo está nos detalhes e olhos de quem vê.

    Adorei sua resenha Cíntia, espero que continue atualizando o blog e falando ainda mais sobre filmes, sou apaixonado por cinema.

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    1. Obrigada, Raphael... Eu fico muito feliz que você tenha visto isso tudo nesse filme, assim como eu. Meu blog está meio abandonado sim, mas comentários como o seu me incentivam a voltar a escrever... Quem sabe eu não volte... Também sou apaixonada por cinema, e aproveita que há alguns posts sobre filmes aqui no singular e dá uma olhada... o bom de escrever sobre filmes, muitas vezes é isso, é que na maioria das vezes, mesmo sendo mais antigos, os posts não envelhecem.

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  7. Gostei muito do filme mas fiquei chateada com o final, achando que tinha perdido alguma parte, acho que ficou vago demais. Mas no geral adorei, o filme mostra bem a dificuldade das pessoas em aceitarem o novo, e o moderno, que muitas vezes não é ruim, só diferente.

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    1. Penso que essa era intenção do final, que não ficou mais explicito, mas só de pensar chegamos a essa conclusão, pense que é uma história infantil, e meio que isso da professora fugir com o padre não é algo puro com teor de história infantil... Fico satisfeita que tenha gostado, eu adoro esse filme. Obrigada ;)

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  8. Depois de tantos anos que este filme foi feito só agora assistimos ele aqui em casa na Netflix, muito lindo, tudo. Também achamos que ela foi embora com o padre Beto! Sou professor e a postura das professoras contra o novo não mudou muito infelizmente.

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    1. Oi, William . Esse filme é um bibelô para mim, já vi diversas vezes. Não sou da área de educação mas acredito que essa parte das mudanças seja assim, pois muitas vezes olho no meu dia a dia e percebo isso em outras áreas e situações. Acho que esse filme faz mesmo a gente pensar . E acredito que deveria e gostaria que ele fosse visto por mais pessoas, pois ensina muito. Quanto a com quem Cate fugiu foi com padre Beto mesmo, confirmado pelo próprio gênio Ziraldo numa reportagem/entrevista que li. Mas eu digo com todas as pistas e nuances deixados não tinha outra opção kkk, é que Ziraldo gosta desse jogo , como o código criado pela professora , no livro tem isso também e tem que se decifrar o bilhete final (apesar de que no livro a fuga com o padre é menos óbvia kkk) . Ele gosta de fazer as pessoas refletir , pensar .

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  9. Assisti na Netflix. Chorei de emoção! Pela nostalgia de uma Minas Gerais do seculo passado. Pela inocência dis costumes. Por me despertar novamente aquela felicidade que tive quando era menino/ adolescente!

    Me remeteu à uma música maravilhosa do cantor mineiro Tavito, RUA RAMALHETE, que também fala de um tempo que não existe mais, tendo como "cenário", a maravilhosa Belo Horizonte. (Detalhe:nao sou mineiro, rsrs).
    Parabéns Cíntia, pela resenha tao bela e certeira sobre o filme!

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    1. Obrigada pelo elogio, fico muito feliz que tenha gostado. Mesmo você não sendo mineiro, a nostalgia desse filme é universal, penso. Um filme que já cansei e ver, e acho que deveria ser visto sem preconceitos( pois há polêmicas, né? ). Espero que com isso de colocar na Netflix, mais pessoas o vejam pois merece, e é um filmão nacional.

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  10. Assisti o filme na Netflix muito bom amei,gostei tanto que assisti novamente comprei o livro ...Um Filme emocionante para assistir em família...o fim foi surpreendente estimulando nossa imaginação 😍😍perfeito👏👏👏

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    1. Eu sou suspeita para falar, também sou apaixonada. Na questão do livro, eu também já li, pois a minha irmã tinha. É um livro infantil, muito bom para crianças, mas achei que algumas coisas ficaram menos claras no livro, até porque é um livro de poucas páginas. Acho que prefiro o filme, viu? Ate porque o próprio Ziraldo fez parte da produção desse filme e o seu sobrinho é o diretor.

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    2. Sou suspeita par a falar pois sou apaixonada kkk. Já li o livro também. Muito bom, infantil, com poucas páginas, bom para crianças mesmo. Mas acho que prefiro o filme, viu? Algumas coisas ficam mais claras no filme, até porque tem mais tempro para isso, e o próprio Ziraldo fez parte da produção do filme, e seu sobrinho é o diretor. Com isso acho que o filme não perdeu aquele jeitinho lírico das obras de Ziraldo.

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