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domingo, 13 de novembro de 2011

Uma visão sobre a história do Brasil: 1808

 Apesar de não ter seguido a área, história era uma das minhas matérias preferidas quando fiz o primeiro e segundo grau. E não era aquela história de decorar datas, e sim a política e social, que de certa forma estuda o passado para entender o mundo. Sempre achei um erro decorar datas, o interessante era entender os acontecimentos e ver o que isso refletiu no mundo. E isso eu tinha prazer em estudar. Entretanto há um porém de quando eu estudava. Não sei se a história do Brasil foi pouco explorada, se eu tive má vontade, ou se meus professores tinham pouca paixão pela história do país. Mas na minha época de estudante achava essa história pouco atrativa. Gregos, Romanos, Iluminismo, Revolução Francesa, Revolução Industrial, Segunda Guerra eram tão fascinantes, já a história do Brasil, com poucas exceções, onde eu incluo o período Vargas e o Golpe militar de 68, parecia monótona, quase morta. Sem aquela vivacidade que os acontecimentos mundiais tinham. Chata.
Mas se pensar um pouco e acabar com esse comodismo de desvalorizar a história do Brasil, e em vez de acreditar nesse bordão de que o país não tem memória, ou que a nossa história não tem valor. Olhei para o passado do Brasil com outros olhos. O país como uma ex-colônia tem uma história única e mais interessante do que se imagina. Foi a única colônia (seja espanhola, portuguesa, inglesa ou francesa) que abrigou uma corte europeia. E mais, o Brasil foi a sede de um reino Europeu. A história mundial teve muitos reflexos aqui, sim. Poucos professores meus citaram isso, mas, a revolução francesa, que sempre foi um dos períodos que eu mais gostei de estudar, teve uma grande importância na história do Brasil. De certa forma, Napoleão deu uma mãozinha para a independência da nação, pois a fuga da família real para o Brasil em 1807-1808, foi o primeiro passo realmente importante para o país deixar de ser colônia. E por que eu não me interressei por esse assunto antes? Sinceramente, não sei.
Já sabia da existência do livro 1808 de Laurentino Gomes. Mas não me interessei muito, a visão da corte sempre fora tão caricaturada como no filme Carlota Joaquina ou na minissérie o Quinto dos infernos, que não achei que esse período foi tão importante para a história do Brasil. Mas há pouco tempo, entrei numa livraria e resolvi comprá-lo ( aproveitei e comprei 1822 também). E não é que fiz as pazes com a história do Brasil?
1808 tem uma narrativa deliciosa, e interessante,  e considerando os acontecimentos da época que realmente deveria ser mais valorizada, aliada a uma narrativa clara, direta, com bastante fatos, mas simples no seu modo geral. É um livro gostoso, onde eu lia várias páginas sem perceber e terminei bem antes do que eu pensava. Para os meus padrões, o ritmo de leitura foi incrível, e há algum tempo, isso não acontecia. Parecia que estava lendo um suspense prestes a descobrir o assassino e onde não consigo parar de ler.
A fuga da família real foi algo inusitado e único. No fim de 1807, milhares de nobres e outros agregados deixaram Portugal em direção ao Brasil. E depois de meses de uma viagem perigosa e desconfortável, onde por sorte não houve nenhum naufrágio. Chegaram ao Brasil, um país enorme, pouco povoado, repleto de riquezas naturais, mas com pouquíssima infra-estrutura, além de uma população ignorante e cativa pois era formada na sua grande maioria por escravos. Eu imagino o choque. Tudo isso devido ao medo da elite portuguesa, o medo traduzido na pessoa de Napoleão e seu ataque iminente a Portugal. Mas no fim das contas o poderoso Napoleão foi enganado por D. João, mesmo sendo esse retratado como sedentário e indeciso, ele conseguiu enganar o homem mais poderoso da Europa. E  só isso dá o que pensar, como essa história é singular.
O livro narra os acontecimentos em "volta da fuga" (um pouco antes, bastante durante e um pouco do depois),  Portugal uma nação que vivia do passado ficou abandonada e sem riquezas (já que a corte levou praticamente tudo) e passou péssimos momentos (nunca tinha ouvido falar o que aconteceu com Portugal nesse período), enquanto o Brasil ganhou um pouco de infra-estrutura, e de liberdade, já que a colônia passou a ser a sede do Reino, abriu suas portas ao mundo (principalmente a Inglaterra haha). Os costumes são retratados nesse livro, onde a corte não é tão refinada como "devem" ser os nobres, mas também não achei tão esteriotipada como é retratada normalmente, o erro das produções anteriores é torná-los tão vulgares, que eles nem pareciam ter sentimentos. Nem pareciam humanos de tão caricaturados. No livro vi mais humanidade, até consegui adquirir um certa simpatia por D. João. E bem, burro ele não era. Uma das coisas que lhe é atribuída é a criação da identidade Brasileira, pois até aquela época não havia o sentimento nacional, e sim províncias sem noção de unidade. Uma outra consequência da qual ele pode ser responsável (além dos reis que vieram depois) é o tamanho do território brasileiro, o Brasil seria um país bem menor, e deveria ter acontecido o desmantelamento do território da mesma forma que aconteceu nas colônias espanholas. Mas como já disse antes, a história daqui é diferente.
Bem, eu fiquei bastante empolgada. Deu para entender bastante coisas atuais. E tive uma outra visão sobre a história do Brasil, que não é chata e sim bem empolgante, cheia de singularidades e personagens interessantes. Ahh, eu quero saber mais,  e já comecei  a ler 1822, haha.

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