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domingo, 1 de janeiro de 2012

Uma visão sobre a história do Brasil: 1822

Depois de ler 1808, eu já havia sido (re)conquistada pela história do Brasil. E foi muito natural ler o outro livro de Laurentino Gomes, 1822, que seguindo uma ideia parecida com a do primeiro, conta a história com uma linguagem mais acessível  e gostosa, mesmo sendo recheada com bastante dados. O que mudou  em relação a  1808, foi a época e seus "personagens principais". Nesse caso o período que abrange esse livro tem até um certo cruzamento com o anterior,  por se tratarem de datas próximas, eventos consequentes e por ter pessoas em comum. Mas o foco desse é o processo de independência do Brasil, com Dom Pedro I, Princesa Leopoldina, José Bonifácio, dentre outros que foram importantes nesse evento.
1822 mostra  um processo de independência complicado que difere um pouco do que eu aprendi na escola. O Brasil era um país enorme, cheio de províncias que não tinham união, não tinham noção de pátria e identidade cultural e que o mais provável era separar em diversas nações como ocorreu no resto da América Latina. Mas o país, além de falar português e ser colônia de Portugal tinha outras diferenças. Diversos fatores externos e internos fizeram com que o país não se desintegrasse. Muito do que se lê no livro, mostra como o país é único, com uma história diferente de todos. Se é uma história honrada ou se foi melhor, acho que não mecabe julgar, mas que é singular, isso é. Afinal além de outras coisas, é a única colônia que se tornou um império e não uma república como as outras, é a única ex-colônia com família imperial própria, herdada da européia é verdade, mas que é só sua, onde o Imperador do Brasil, era somente o imperador desse país e não daqui e de outros.
E o processo de independência não parece ter sido apenas uma troca de coroas, houve batalhas, sofrimentos, derrotas, vitórias e mortos. E outra coisa interessante do livro é também falar da vida dos personagens dessa história. Achei muito interessante focar essas pessoas, coisa que não é feita na escola. Mas talvez isso seja apenas por causa da doutrina escolar vingente.
 Dom Pedro I se mostra uma figura inusitada, um guerreiro, que lutou por ideias até revolucionárias, considerando ainda mais que ele era o príncipe herdeiro. Era um homem que cresceu e parecia amar o Brasil, mas foi um péssimo marido ( mas parecia ser um bom pai, inclusive um dos motivos de lutar pela independência era a morte de um filho), um mulherengo, farrista, era um bom comandante militar, mas parecia não ter muita habilidade para manter o poder, esbarrando inclusive no seu caráter autoritário.  Leopoldina, a princesa triste, que largou sua vida na europa e veio viver no Brasil. É mostrada como caridosa, amada pelo povo, se tornando muitas vezes administradora do país, e responsável por negociações e articulações para independência, entretanto parecia ter dificuldades financeiras, era constantemente humilhada pelo marido, e no fim morreu desiludida e deprimida, realmente algo muito triste. José bonifácio, o sábio, estudioso, um brasileiro muito inteligente, figura chave para o país e cuja as ideias seguiam o caminho de um Brasil livre de Portugal , mas como uma monarquia. Há ainda Thomas Cochrane, o escocês louco por dinheiro, que como um pirata foi importante na vitória e união brasileira, mas também causou alguns danos em certas partes do país.
O livro é fácil e até prazeroso de ler. A narrativa é de certa forma contagiante e realmente me prendeu, fazendo com que lesse com uma grande rapidez. È, a história do Brasil pode ser divertida sem ser caricarturada. Os fatos contados são bem interessantes, e hoje acho que devo ter um conhecimento maior sobre essa história (é impressionante como era a minha falta de conhecimento sobre o assunto),  que desde o livro anterior já tinha deixado de ser chata.
As críticas ao livro se referem basicamente a forma de pesquisa do autor. Laurentino Gomes é quase um demônio para alguns historiadores. Muitos dizem que ele só tirou ideias de outros, o que não deixa de ser verdade, mas como o próprio autor deixa claro, inovar não era a proposta do livro, e sim atingir a população que normalmente não tem acesso ao material histórico, seja por causa da forma de escrever, seja por ter poucos livros sobre o assunto. Outros falam de erros históricos, mas não vi ninguém dizer quais eram, e assim não posso julgar se são graves ou mesmo se realmente existem. De qualquer forma, há uma grande relação de fontes que foram usadas, assim não acredito que foi porcamente escrito e que as ideias ali colocadas sairam apenas da cabeça do autor.
Para mim o livro realmente valeu a pena , é como se ele abrisse uma janela em minha mente e me deixasse mais e mais curiosa sobre essas histórias mal contadas nos meus tempos estudantis. Tem cada visão e estória interessante sobre o Brasil. A história do país pode também ser apaixonante, como aqueles eventos históricos visto em filmes, e não apenas uma piada como muitas vezes é retratada. Laurentino Gomes planeja lançar mais um livro, 1889,  e eu mal posso esperar para ler. Estou aqui com grandes espectativas, considerando ainda mais, que esse deverá abranger um período maior, e contará com um personagem que apesar de ter sido um pouco relegado (da história do Brasil), acho admirável, Dom Pedro II, que dentre os reis (do Brasil) é o meu preferido. Haha.

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