Paraísos Artificiais é um filme brasileiro que me chamou
atenção quando vi alguns trailers. Me pareceu diferente de outras películas
nacionais, pelas suas imagens e a história que se propunha. E por valorizar esse tipo de coisa, novas maneiras
de fazer o cinema brasileiro, por apreciar um pouco o diferente, “original” e
criativo (não estou dizendo que esse filme é tão inovador, apenas que para mim,
ele fugia do jeito dos filmes nacionais que tem estreado no cinema), eu resolvi
ver o filme. Mas acabou que eu deixei o tempo passar (cerca de duas semanas), e
ele saiu de cartaz (quando se quer ver um filme assim tem que correr, pois uma produção
nacional com tema ou qualquer fator diferente, realmente não costuma ficar muito tempo nos cinemas).
Mas eu queria vê-lo de verdade! E acabei arrumando uma
versão pirata, “borrada” e que faltavam cenas (não façam isso, ainda mais num
filme como esse, cheio de cenas no escuro, e com luzes de raves e boates). Gosto
de me considerar uma pessoa que consegue entender coisas nos filmes, mais do
que um espectador eventual (afinal vejo muitos). Mas o resultado de ver o filme
assim, é que saí com tantas dúvidas, e percebi que não tinha entendido a metade
dele. Ele não podia ser tão complicado
assim, né? Apesar disso, fiquei com uma impressão boa, uma vontade de descobrir
mais sobre a história e claro de ver o filme novamente, mas dessa vez com
qualidade de imagem e som.
Tentei descobrir quando ele seria lançado em DVD, e não
encontrei nada a esse respeito. Mas num belo dia, vi que o filme tinha voltado
aos cinemas(sessão Replay), e claro não perdi essa oportunidade. Agora posso
dizer que o vi com qualidade, e acho que consegui entendê-lo.
Mas então, do que se trata Paraísos artificiais? O filme
começa quando Nando, um jovem de classe média,deixa a cadeia depois de 4 anos
devido a trafico de drogas. Ele tem um irmão que parece estar seguindo o mesmo
caminho, e que vive em conflito com a mãe.
Assim começam os flashbacks de Nando na Europa (um tempo antes dele ser
preso), onde conhece e se apaixona pela DJ Èrika, que na verdade, conheceu anos antes numa rave no Nordeste. A narrativa prossegue nesses 3 tempos. E
mostra a trajetória de personagens como Érika, Nando e Lara (a amiga/namorada
de Érika), cercada de encontros e desencontros, coincidências, tragédias, segredos e culpa.
A narrativa é claramente não linear, e perder uma cena ou
cenas pouco nítidas podem realmente dificultar o entendimento do filme. Pois cada
“tempo” só encontra a sua resolução perto do fim (e os 3 estão bem interligados),
ou seja, o que une e desune os personagens só é completamente elucidado no
final. Achei isso muito interessante. E
também o fato de que a maioria dos acontecimentos e revelações, não são
colocados em palavras, apenas insinuados pelas cenas ou diálogos, confiando
assim na capacidade de observação do espectador.
O filme acompanha o mundo das raves e das drogas (prazeres e
dores), o que essas fazem nas pessoas, o que cada um carrega dentro de si,
levando a acontecimentos ruins em sua vida. Algumas conversas sobre o futuro,
sentimentos e o autoconhecimento são bem interessantes. Frases como “você é o
que você sente” e etc, trazem certa
reflexão. Podem dizer que faz apologia as drogas, apesar
dos aspectos ruins também mostrados. Outros falam que a visão sobre as raves
são estereotipadas como um lugar onde sexo e drogas correm solto. Mas não acho que o filme tenda a nenhum desses
lados, é sim uma história, sobre a busca pessoal, o futuro, sobre atos e suas conseqüências.
E é uma boa história, pelo menos eu gostei dela.
Há muitas cenas de sexo (algumas bem longas), e isso pode
parecer exagerado, mas realmente não me incomodou. Acho que a busca pessoal
tinha um vínculo forte com vícios. E ahhh,
eu também gostei bastante das atuações, especialmente Nathália Dill, que como
Érika fez uma personagem completamente diferente das que estou acostumada a ver
ela fazer, e se saiu muito bem.
Enfim, gostei do filme. Mas é uma narrativa
diferente puxando para um lado mais “alternativo”. Um lado que eu apreciei, mas
acho que poucos devem gostar. Não há
muito didatismo, e as respostas só poderão ser conseguidas se prestar atenção,
observar bem as coisas. Isso e outros fatores me agradaram. Em resumo, acredito que esse filme deve
desagradar mais pessoas do que agradar, mas valerá a pena para certa parcela do
público que não busca coisas tão fáceis e comuns. E por isso eu indico.
Quero ver esse filme. Fiquei com vontande quando estava no cinema mas enrolei e acabou saindo rápido mesmo (e na época tudo girava em torno dOs Vingadores). Pelos trailers achei a fotografia linda, merecia ter sido visto no cinema mas infelizmente não fiquei sabendo de replay por aqui. Acho que a melhor que conseguirei vai ser alugar HD no iTunes.
ResponderExcluirEu gostei, Mat,achei que valeu a muito a pena ver. Mas filme brasileiro tem correr para ver mesmo, ainda mais se a temática é diferente. A fotografia é realmente ótima, uma mistura de luz com escuridão e isso as vezes no mesmo ambiente, bem legal, e considerando isso, torna mais difícil de ver versões com nitidez ruim. Aqui em BH ainda está passando no pátio savassi, sessoes de 13 e 15 da tarde, quem sabe vc ainda não consegue ver aqui, ou sei lá quando sair em dvd e aparecer copias melhores, de qualquer forma eu também achava que não conseguiria ver mais no cinema e acabou que consegui né? As vezes passa volta a passar em algum cinema ou festival ai no Rio.
Excluir