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domingo, 10 de junho de 2012

Jogos Vorazes, os livros

 Eu sei que normalmente as pessoas lêem os livros e depois vêem o filme quando é lançado. Mas comigo freqüentemente acontece o caminho inverso, ou seja, é bem comum, eu ver o filme, me interessar e depois ler o livro ou livros (sou cinéfila, né? Hahaha).  Isso aconteceu com “O manto Sagrado”, “Contato”, “A trilogia Millennium” e claro com “Jogos Vorazes”.
Os livros da série Jogos Vorazes são: Jogos Vorazes, Em chamas e Mockingjay (A esperança, o  título nacional, não parece nem um pouco com original e  eu preferia que não tivessem traduzido).  È uma história onde grande parte dos personagens são adolescentes, a protagonista, Katniss Everdeen, tem 16 anos, por exemplo. Assim, o público alvo da obra são eles, os jovens.  Mas como o contexto e os personagens são muito fortes (pelo menos mais fortes e complexos dos apresentados em obras do tipo), ela pode com certeza atrair outras faixas etárias, me atraiu por exemplo.
No primeiro livro, somos apresentados a uma distopia, um futuro pós-apocalíptico, onde o que restou dos Estados Unidos é Panem. Um país dividido em uma capital e 13 distritos, que abastecem a primeira com todo o tipo de luxo além de coisas necessárias, sendo que a Capital, que não produz nada, apenas governa, e vive com excessos. Mas há muita miséria, violência e injustiça nos distritos.  No passado houve uma rebelião, e essa revolta foi massacrada, o resultado é que o distrito 13 foi destruído, e cada um dos outros 12 distritos restantes, como castigo, têm que enviar todo ano um garoto e uma garota com idade entre 12 e 18 anos.  Esses adolescentes são colocados em uma arena e participam de um reality show, lutando por sua vida, apenas um sai vitorioso, recebendo recompensa e glórias.
Katniss é uma garota forte do distrito 12, que desde a morte do pai sustenta sua mãe e irmã. Sendo que essa última, ela ama com verdadeira dedicação. As coisas se complicam quando sua irmã, que tem a idade mínima para ir aos jogos é sorteada e Katniss se oferece em seu lugar. Junto dela vai Peeta Mellark, um rapaz também de 16 anos, que se mostra apaixonado por ela.   Os dois têm como mentor, Haymitch Abernathy, o único vitorioso vivo dos Jogos Vorazes  e que é do paupérrimo distrito 12.
Assim, Katniss acaba entrando num jogo pela sua vida, onde ela tem que fingir, fazer amizades e alianças, sendo no fundo todos seriam seus inimigo e  no futuro ela terá que matá-los. O primeiro livro mostra a crueldade e hipocrisia dessa vida. Há muita violência é claro, muitas mortes, e isso acontecer com personagens (crianças) com quem nos apegamos. Katniss, que é uma lutadora, uma verdadeira sobrevivente, acaba conhecendo as entrelinhas desse jogo, a política, a espetacularização da crueldade,  da morte e vida, a ditadura e ao seu modo se rebela.
O segundo e o terceiro livros são bem mais políticos que o primeiro, e realmente é surpreendente em uma obra para esse público.  A opressão da Capital se mostra bem presente, até na vida dos Vitoriosos.  E claro, a luta e uma rebelião contra essa administração começa.  Mais personagens surgem e muitas vidas são perdidas novamente. Pois essa história  não é um conto de fadas com final feliz. Na verdade, eu até achei o final um pouco confuso, com uma sucessão de mortes de personagens queridos, e os que restaram tiveram que remendar os retalhos de suas vidas.
Os personagens são muito interessantes. Katniss é uma garota de personalidade forte e dominadora, tem suas fraquezas e dúvidas, mas é uma baita personagem, sempre pensando nas coisas, balanceando os sentimentos e sendo pouco emocional, é uma verdadeira sobrevivente desse mundo cão.  Tem aquele triangulo romântico básico de obras adolescentes,  com a mocinha em dúvida . De um lado há Gale, o companheiro de infância revolucionário de Katniss, do outro Peeta, o  garoto do pão, que é muito bom com as palavras e  ajudou Katniss em um momento muito difícil de sua vida, sendo apaixonado por ela desde a infância. Há claro, os momentos românticos nesse trio, alguns são bem melosos, inclusive. Mas Katniss  mostra até uma frieza nesse assunto,  e é legal ver que ela era não dada a arroubos românticos e paixões à primeira vista devastadoras.  
Haymitch Abernathy é outro personagem interessante, sendo um adulto de meia idade, ele tem certas liberdades, vive bêbado, sofre angústias e pesadelos terríveis. Mas é cínico, admira a liberdade que não tem,  é extremamente inteligente, e se apega bastante a seus pupilos.  Fala diversas verdades durante toda obra, apesar de bêbado, ele é a voz razão no livro, é o mais consciente de todos.  È um personagem que eu gostei bastante.
O assunto do livro é sério e político, cheia de ideologias e a busca das coisas básicas, essencias à vida, como liberdade, felicidade, amor, companheirismo  e igualdade.  Panem é uma visão da humanidade que parece bem condizente, não é difícil acreditar que no futuro os homens vivam como em Panem. As críticas às crueldades, miséria,  espetacularização das coisas e  da vida íntima e cotidiana,  reality shows, a corrida pela fama são visíveis no livro, é como que   o que vemos hoje no mundo nos levasse para Panem.   
Enfim, Jogos vorazes é uma série literária bem interessante para adolescentes e todos,  eu realmente gostei de ler  e o fiz com uma rapidez incrível ( é, a narrativa me prendeu mesmo).  Tem um conteúdo mais profundo que a maioria dos livros publicados para a sua faixa etária alvo.  Deixa uma mensagem, pode não ser tão profunda como alguns queriam, mas mesmo assim, a achei suficiente, resta apenas saber se os adolescentes que leram ,conseguiram  entender  todas as críticas e nuances, e compreenderam por que o final não podia ser um “e foram felizes para sempre”, e que a história não se restringia a com quem Katniss iria ficar (como foi exposto na mídia, Team Peeta Vs Team Gale).
Quem gosta de distopias e esse tipo de literatura: Admirável Mundo Novo e O senhor das moscas.

2 comentários:

  1. Eu li Jogos Vorazes ano passado (com 14 anos) e peguei tudo que você citou, quanto a política e etc (não que todo o público da minha faixa etária o tenha feito, mas...), e acho que por isso Jogos Vorazes é a minha série favorita dessas "sagas" juvenis do tipo Harry Potter/Percy Jackson e afins, por não ser SÓ uma história que prende, por ter bastante coisa por trás. Eu queria ressaltar tbm a forma que é narrada a história, que é em primeira pessoa mas de uma forma muito... profunda? Não sei explicar, mas lendo eu me sentia realmente como se eu fosse a Katniss, foi um sentimento engraçado, diferente do que com qualquer outro livro. Isso fez eu me emocionar muito mais com a morte da Prim (eu -nunca- chorei com filme/livro nenhum, essa foi a única vez que caiu uma lágrima do meu olho), por parecer que ela fosse realmente minha irmã, quase dá pra dizer que eu me apaixonei pelo Peeta também hahahaha.

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    1. Fico feliz que tenha conseguido pegar os nuances políticos e sociais de Jogos Vorazes, penso que não são todos que pegam, principalmente os adolescentes para qual a saga é direcionada, e imagino que essa deve ter sido a intenção da autora, mostra algo mais, e com esse algo mais é bem melhor apreciá-la. Eu também adoro histórias em primeira pessoa, tanto que quando escrevo (fanfics principalmente) dou preferência a essa forma... Realmente fica mais intimista e nos faz "sentir" como a personagem, só que na segurança e não no meio de uma arena. Demorou para eu responder, mas de qualquer forma eu adorei o seu comentário, obrigada pela atenção ;)

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