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domingo, 24 de junho de 2012

Senna, o documentário

Há pouco tempo soube da existência de um documentário sobre o piloto Ayrton Senna.  Senna foi lançado em 2010 e produzido pela França, Brasil, Reino Unido e Estados Unidos. Mas a verdade é que eu nunca tinha ouvido falar sobre ele antes, apesar de ter recebido diversos prêmios. Não sei se passou desapercebido, se foi pouco divulgado ou se a divulgação não chegou a mim, mas depois dessa descoberta eu realmente fiquei com vontade de ver o filme.
Em 1994, eu tinha apenas 9 anos.  Não me lembro do auge da carreira de Senna, mas não sei porque tenho aquela lembrança de como todos e até eu éramos fãs dele,  e assistir fórmula 1 era uma sensação (acordava cedo no domingo para isso, hahaha).  Ele era um ídolo quase supremo, eu sabia algumas coisas, mas não muito sobre ele e sua carreira.  Para se ter uma idéia, há 3 fatos  de 94 que me lembro bem, o início do plano real  e que eu juntei dinheiro para ir ao banco, e trocar por uma nota completa de real, a conquista do tetra campeonato de  futebol (alguns jogos, a final emocionante nos pênaltis, que é até a hoje conquista mais emocionante da seleção brasileira para mim), e a morte de Senna e como um batida que parecia corriqueira e simples (não capotou ou coisa parecida), tirou a vida do herói e piloto brasileiro.
Na Wikipedia ou no site IMDB, é informado que o documentário tem 106 minutos, mas o que eu assisti era bem maior e tinha cerca de 2 horas e 40 minutos. Não sei se é erro ou se vi uma versão extendida, mas de qualquer forma me parece o mesmo documentário, era chamado de Ayrton Senna - Beyond the Speed of Sound ( um dos títulos que esse filme é conhecido) . Pode parecer longo ,mas realmente valeu a pena.
O documentário quase não mostra a vida pessoal de Senna (há imagens de arquivos pessoais, mas essa parte não é muito focada). A narrativa acompanha quase completamente a carreira de Senna na fórmula um, suas conquistas, suas desavenças,  tempos ruins e bons. E há um grande foco na rivalidade dele com o piloto Francês Alain Proust , e com o também francês Jean-Marie Balestre, o presidente da FIA na época.
Há muitos vídeos de corridas, alguns narrados por Galvão Bueno, e cenas “inéditas” das reuniões de pilotos antes das provas.  Pessoas falam sobre os acontecimentos, suas impressões, enquanto cenas sobre o que eles estão falando são mostradas.  Dentre esses comentaristas, estão Reginaldo Leme, Ron Dennis (da McLaren) , até Alain Proust, e outros. È algo muito interessante para notar a politicagem, as desavenças e como funcionava os nuances da corrida. Se percebe a personalidade de Senna, que era humano, gentil e até humilde, se mostrava também perfeccionista, viciado em vitórias, e que gostava de enfrentar o sistema e os diligentes e nem sempre saiu bem sucedido nisso.  
Também explicam o contexto e dão uma noção de como era o Brasil e o que Senna representava para o país. Vejo a situação hoje e penso como era naquela época.  Lembro um pouco do que aconteceu depois, mais na fase de transição em que o Brasil foi andando, e se fortalecendo, mas ainda tinha índices de desemprego em volta dos 20%,  grande dificuldade de se  comprar bens de consumos até na classe média,  falta de perspectiva e  esperança com  o país em comparação aos desenvolvidos. Nos ano  80 e  início dos 90, isso pareceu ser ainda pior, o Brasil era uma confusão (econômica, política e social),  grande parte da população vivia em extrema pobreza (mais do que hoje, aparentemente). Era assim, não tinha nada que trouxesse orgulho, só Senna que diferente da maioria, era um sucesso e ostentava a bandeira brasileira com satisfação, e chegou até se aventurar em práticas sociais com o objetivo de ajudar a população brasileira.
Há algumas partes emocionantes e que pode causar até um pouco de revolta, como a corrida de Senna ainda em seu primeiro ano, que foi parada por causa da chuva, sendo que se continuasse ele poderia ter ultrapassado, o já campeão Proust, e o brasileiro dirigia o carro de uma equipe pequena sem chances de vitórias. Ou a corrida em que ele ganhou e foi eliminado e suspenso devido a uma batida e manobras na pista, o que deu o campeonato a Proust( um ano após esse, ocorreu uma situação quase inversa, a rivalidade entre Proust e Senna devia ser emocionante mesmo). E a sua morte, com acidentes que aconteceram em dias anteriores naquela pista (houve até morte no sábado), indicando, de certa forma, que algo estava errado.   Mas para mim, o mais emocionante não foi essa última corrida, foi a primeira vitória de Senna no Brasil em 1991. Ele enfrentou alguns problemas e mesmo assim conseguiu, só vendo as suas reações é que se percebe o quanto ele queria ganhar naquele dia. Simplesmente emocionante.
Enfim, é um filme muito bom, um documentário excelente, que mostra a carreira de Senna, e em certas partes até parece que é ficção. Foi um excelente trabalho de toda a equipe. E eu recomendo a todos, principalmente para aqueles que gostam do Brasil, de  história, e, claro, de  Ayrton Senna. 

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