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domingo, 15 de julho de 2012

Hilda Furacão, e de minisséries eu também posso falar?

Considerando que passei a minha infância e adolescência como uma telespectadora da televisão brasileira, principalmente da rede globo, que era a única que pegava em todos os lugares que morei no norte de Minas. Eu também tive as minhas paixões por novelas ou minisséries, na verdade,  acredito que meu “vício” por séries e filmes tenha origem aí, e começou com as obras da Globo. Até hoje algumas minisséries e novelas me trazem boas recordações e aquele sentimento de nostalgia. Hilda Furacão ocupa um lugar especial entre essas minisséries, ela foi a obra que mais me encantou, e se tornou a minha preferida das minisséries que vi. E ainda hoje me lembro das boas sensações e o nervosismo que eu sentia aos 13 anos de idade quando assisti Hilda Furacão pela primeira vez .
Hilda Furacão foi exibida em 1998 (ano de Copa do Mundo e eleições)  e atingiu um sucesso incontestável. Levando vários atores a consagração, principalmente Ana Paula Arósio, que se tornou  uma grande estrela da Rede Globo nesse seu primeiro trabalho na emissora. E esse salto em sua carreira realmente foi merecido, pois sua Hilda exalava poder e sensualidade, para mim essa foi uma personagem inesquecível, a melhor e a maior de Ana Paula Arósio.
A série é narrada por Roberto Drummond (autor e personagem do livro em que a minissérie foi baseada). Ele começa falando da conservadora e tradicional cidade mineira em que cresceu, Santana dos Ferros (não procure no mapa, é uma cidade fictícia, ok?), junto com seus amigos inseparáveis, Malthus e Aramel.  Depois de terminarem o segundo grau, os 3 partem para Belo Horizonte para realizar os seus sonhos. Roberto quer mudar o mundo através de uma revolução comunista, Aramel, o belo, almeja se tornar ator em Hollywood e Malthus, quer ser santo e vai para um convento de freis dominicanos.
Em paralelo, é mostrada Hilda Müller. Moça belíssima da sociedade mineira, que rapidamente conhece um rapaz, acaba ficando noiva e está prestes a se casar, quando vai a uma cartomante que diz que ele não é o homem do seu destino e que esse só aparecerá quando ela perder um sapato querido (tão cinderela não?). Hilda acaba descobrindo que não ama e nem é amada por seu noivo e desiste no dia do seu casamento. Ela deixa tudo para trás, vai viver na zona boêmia e se torna uma prostituta famosa e muito disputada no local, com homens fazendo filas para tê-la.
Com o falatório sobre Hilda Furacão (o nome de guerra da protagonista, hahaha), Roberto acaba se aproximando dela para conseguir uma entrevista, e se torna o seu jornalista preferido. A "sociedade" fica revoltada e com interesses “morais”, religiosos, econômicos e políticos em jogo, acaba fazendo uma campanha para retirar a zona boêmia do centro de Belo Horizonte, sendo Furacão, o seu principal alvo.  
Frei Malthus ao ouvir a história dela, decide que exorcizar o “demônio” de Hilda será o primeiro milagre que ele irá realizar. Os dois acabam se confrontando e ela perde o seu sapato nesse dia (que é achado por Malthus). A partir de então, eles entram numa espécie de confronto, onde ambos acabam descobrindo uma atração (ou amor)  intensa pelo outro.
A trama e os personagens realmente conseguiram me prender. Mas é melhor avisar que é uma minissérie com uma boa quantidade de capítulos, e portanto há alguma enrolação para acontecer certas situações e fatos, se a pessoa não agüenta esse tipo de coisa é melhor não ver, mas eu realmente não me arrependo, pois a tensão e quando as coisas finalmente aconteciam, me davam um sentimento de exultação. Há também algumas coisas mal contadas e encerradas.
Essa minissérie é um dos casos raros que eu realmente gostei dos protagonistas (Hilda e  Malthus). A sensual Hilda, uma mulher de personalidade teimosa, forte e avassaladora, que enfrentava as situações como ninguém e ficava sempre de pé, apesar das rasteiras que levava. Ao mesmo tempo era boa, sonhadora, romântica, e até justa (meio anjo, meio demônio como diz Malthus), enfim, uma personagem incrível e muito bem feita por Ana Paula Arósio. Malthus, o santo (Rodrigo Santoro) era orgulhoso, e queria que o mundo seguisse a sua idéia de santidade, sofria para controlar os seus impulsos e sacrificar seus desejos, sempre cercado de uma pressão para ficar longe do que era considerado pecado, exercida principalmente pela sua mãe (uma viúva que o criou para ser Santo) e o autoritário Padre Nelson.  Assim, quando Hilda aparece, ele sofre, mas muito mesmo para resistir à atração que sente por ela, de certa forma, ele pode parecer um covarde. Por que não agir em vez de resistir?  Ele é um  tipo de personagem que não me agrada, mas não sei, acho que com toda a situação, e tanto sofrimento, acabou ganhando minha simpatia.
Ainda há outros personagens bem interessantes como o próprio Padre Nelson, ele é autoritário, conservador, às vezes exerce o papel de vilão separando Hilda e Malthus. Mas não consigo deixar de gostar dele, ele era sensato e tinha razão dentro da sua visão. Há também Maria Tomba-Homem, Cintura Fina (personagens que realmente existiram, minha tia diz que conheceu o Cintura Fina hahaha, e o cara que inspirou o Tonico Mendes, um que tinha um monte de mulheres e filhos), além de outros da própria zona boêmia. Há até mesmo Dona Loló, senhora da sociedade, que usava a sua hipocrisia e trouxe bons momentos.  
Outras coisas interessantes eram as discussões políticas a cerca das confusões que acontecia na época. E até sobre o conservadorismo e hipocrisia que guiavam a sociedade. A série começa no fim dos anos 50 e vai até meados dos anos 60, passando por uma verdadeira zona política, briga por poder, confrontos e muita confusão.
Para quem conhece Belo Horizonte há ainda cenas e locações interessantes. Bem, pelo menos para mim foi muito legal, ver certas cenas e reparar:  olha é o parque municipal, é a praça da estação, a praça da liberdade.  Nossa eu já remei canoa canoa igual a que Malthus está olhando, eu já corri em cima dessa ponte, entrei nesse prédio, passei na frente desse lugar. Há certo cuidado para mostrar somente locações mais antigas, mas eu reconheci muitos locais de BH, e como é difícil ver esse tipo de coisa numa obra de ficção, reparar e admirar os lugares era algo a mais para mim.
A minissérie passou há algum tempo, mas como foi lançada em DVD, não é difícil encontrá-la. È claro que há cortes nessa versão, inclusive algumas histórias foram retiradas completamente. Mas achei o trabalho bem feito e as coisas principais e importantes estão lá, alguns eventos podem ficar vagos e até causar um entendimento incorreto, como certo atentado a certo vereador, mas isso  não faz tanta diferença.
Hilda Furacão é uma obra que  realmente indico. Me marcou de verdade e até hoje ainda pego os DVDs da série e  vejo tudo tomada de muita ansiedade e emoção.
Quem gostou dessa postagem pode se interessar por: Pedra sobre Pedra.

5 comentários:

  1. Legal abrir espaço também para novelas e minisséries que podem ser tão boas e divertidas quanto um filme. Lembro até hoje das chamadas de estréia de "Hilda Furacão", série que resgatou o hábito da Globo de fazer minisséries. Já passou no Viva, mas fico na torcida que passe novamente. Parabéns pelo blog.

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    1. Eu também lembro das chamadas quando passou na Globo, pode-se dizer que como eu tinha 13 anos na época, essa foi realmente uma das primeiras minisséries que eu vi (antes dessa eu só lembro de decadência, sendo que se essa tivesse passado anos depois teria realmente rendido muita polêmica). Hilda Furacão até hoje é a minha preferida haha, realmente obrigada pelo comentário.

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    1. Com certeza concordo com você. Ótima e realmente vale a pena ver.

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  3. Caros colegas, Santana dos Ferros NÃO é uma cidade fictícia, muito pelo contrário, ela existe atualmente com o nome de Ferros. O mural da igreja (pintado pela artista plástica Yara Tupinambá), a ponte e todas as histórias relativas à cidade e seus costumes conservadores são reais. Parem de espalhar que é uma cidade fictícia!!!

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