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domingo, 25 de dezembro de 2011

Uma sátira bem feita: O Grande ditador


"...O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido..." (Parte do discurso do Barbeiro Judeu)

Tenho que admitir que não vi tantos filmes de Chaplin quanto deveria(e gostaria) ter visto. Charles Chaplin foi um gênio da sétima arte e eu apaixonada por cinema, já deveria ter visto quase todos os seu filmes. Mas  vi apenas três: O garoto, Tempos Modernos, e o meu preferido "O Grande Ditador". Não sou fã de sátiras, há poucos filmes desse tipo (principalmente os atuais) que eu consegui chegar ao fim. È muito difícil me fazer rir com aquelas situações surreais, bizarras e constrangedoras. Palhaçadas, por si só, nunca me agradaram muito.
 Entretanto com o Grande ditador é diferente, o filme me fez rir e muito, e é uma sátira. Chaplin com toda a sua genialidade, conseguiu algo incomum, colocou ingredientes que a maioria das sátiras atuais esquecem de colocar, ou seja, a crítica,  situações que fazem refletir, acontecimentos surreais mas bem pensados. O Grande ditador consegue fazer uma crítica engraçada e ao mesmo tempo dura e condizente, e o tópico é bem delicado: o nazismo, o facismo, e a guerra em geral. No fim, o pensamento que prevalece é o quanto ridículas eram e ainda são essas ideias, e o quão bela é a paz. O filme no fundo é um pedido disso, de paz e igualdade. Ele foi lançado em 1940, e diferente da maioria dos filmes de Charles Chaplin, é completamente falado.
A história começa com o personagem chamado de o barbeiro judeu ( parecido tanto com o vagabundo Carlito e Httler, o bigode, haha), na primeira guerra mundial, esse ajuda um colega combatente da Tomânia, e o dois juntos voltam ao país com a guerra perdida mas como hérois. Enquanto o colega fica bem, o barbeiro perde a memória e passa 20 anos numa instuição. Ao voltar a sua barbearia no gueto judeu o país está completamente mudado, Adenóide Hynkel  (que é bem parecido com o barbeiro), tomou o poder no país, fazendo muitos discursos e bastante propaganda, e governa tudo com um regime ditatorial e opressor, além disso tem uma dura política contra os judeus. E claro, ele tem o plano de expandir essa política a outros países, ou seja quer dominar o mundo.Haha. O barbeiro, sem saber dos acontecimentos, acaba criando uma grande confusão com esse esquema de governo. E em paralelo, Hynkel arma os seus planos de expansão.
Além de Hynkel como personificação de Hittler, há sátiras de outros famosos persongens nazistas, além de claro Mussolini, na pessoa de Benzino Napaloni. O encontro dos  dois ditadores é bem engraçado, a ideia de um estar sempre maior que o outro (apesar de Hynkel ser bem mais baixo), a guerra de comida entre os dois, e acordo de não invadir Osterlich, que logo depois, é invadida por Hynkel, é tudo muito interessante e ridículo. Faz até pensar se Mussolini e Hittler também não tinha as suas doses de bizarices. Outra parte que ficou famosa é quando Hynkel brinca com um balão de globo do mundo até que esse estoure. Cena que dá fazer muito paralelos e analogias.
Mas para mim a parte que arrebenta, é o discurso do barbeiro judeu se passando por Hynkel depois da invasão de Osterlich. E não é para fazer graça, é para  pensar em algo muito sério. É um dos mais belos discursos que já ouvi, e nele o próprio Chaplin fala sobre a ideia de igualdade, paz, esperança, democracia. Faz refletir, o quanto o homem é tolo e ridículo, ao fazer tanta guerra contra o próprio homem, ao oprimir, ao propagar miséria, o homem que nem parece mais humano, parece não possuir mais sentimentos. São palavras lindas, que faz lembrar da pureza e esperança. A verdade é que esse discurso ainda serve para a época atual, mais de 70 anos já se passaram, e pouca coisa mudou em relação a isso.
Bem, esse filme é imperdível. Tem a parte de humor, que para quem gosta um pouco de história vem com um sabor ainda melhor. E claro há a sua mensagem, que mesmo depois de tanto tempo continua atual e deveria ser seguida.

2 comentários:

  1. Um filme realmente interessante, se não me engano foi o único filme do Chaplin que eu assisti, mas não sei se ao assistir outros irei me agradar tanto quanto desse. O filme nos faz refletir em quase todos os momentos, mesmo que por trás da comédia, a qual sempre foi um dos meios mais eficazes de se fazer oposição e mostrar as contradições da sociedade, mas uma pena que as comédias de nossos tempos parecem ter esquecido um pouco essa sua utilidade pública e tornaram-se apenas piadas sem conteúdo, ou com conteúdos simplesmente de apelo sexual ( o que é o mais comum).
    E claro, é uma ótima indicação para todos, e o melhor sem censura de idade =D.

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  2. Filipe, sim, digo mais o filme é genial em seu conceito e execução, mais ainda considerando que ele foi feito em plena segunda guerra mudial, ou seja, como Chaplin tinha uma grande percepção das coisas. Quanto a outros filmes do diretor, por enquanto esse é o meu preferido, e acho que os outros valem a pena sim, o garoto é um filme muito bonito, e há certas partes de tempos modernos que além da crítica mostra também a beleza, como a cena em que o vagabundo canta, é uma caracterísca que eu notei nos filmes dele, a de sensibilizar, coisa que o discurso do barbeiro faz em o grande ditador. È muito difícil encontrar comédias assim que criticam, e de foram inteligente, principalmente as atuais, que são bem apelativas, nada como beber nas fontes antigas com um filme de Chaplin, não? Daí fica a minha sugestão a todos, e espero que voltem a fazer mais filmes assim.

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