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domingo, 2 de janeiro de 2011

Contos tristes para o Natal e o Ano Novo

 Estamos na  fim de ano, e nessa época um desejo de paz e felicidade parece contagiar a maioria das pessoas. E história lindas,redentoras e felizes, aparecem na televisão, na forma de filmes e especiais de natal, em livros e no cinema, é tanta felicidade! Histórias sobre a vida de Jesus e outras bíblicas passam até cansar. Entretanto parecem esquecer que a história de Jesus é muito triste. E também esquecem que as histórias tristes são normalmente mais belas, e bem mais emocionantes que as felizes. Por que afinal não fazem especiais de natal onde a pessoa luta, luta, luta para conseguir algo e no final não consegue? Seria decepcionante? Acho que sim. Mas não foi sempre que se pensou isso, ou pelo menos não são todos que pensam isso.
A primeiro conto que eu vou falar, é um conto infantil, eu que cresci, de certa forma, vendo filmes da Disney acho isso bem estranho, um conto infantil que não termina com foram felizes para sempre, mas eles existem. A Pequena Vendedora de Fósforo de  Hans Christian Andersen ( esse cara era foda, pretendo ler mais coisas dele) é um dos contos mais belos que eu já li. É pura poesia considerando ainda mais o final.  Nele uma menininha  ( na véspera de ano novo), está na rua, descalça, congelando, e tentando vender fósforo, pois  se voltar para casa sem dinheiro, leva uma sova do pai. Ela não consegue vender nada e nem consegue um abrigo, então ela para num lugar e resolve acender alguns fósforos, e já debilitada pela fome e o frio,  começa a ter ilusões, de uma casa aconchegante, com cartões e arvores de natal, cheia  de comida e quente. E começa  a ver a sua  falecida avó. Essa parte é tão bonita que é melhor pegar do original:
"Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
- Vovó! - exclamou a criança.
- Oh! leva-me contigo!
Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal! 

E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações - subindo para Deus.  
...
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano ­Novo. "
È lindo, mas ela morre de frio e fome em pleno ano novo, e isso é devastador. Ahh, a pequena sereia também é outro conto triste do Hans Christian, mas eu ainda acho que o da vendedora de fósforo consegue ser mais.
Outra história, que também é muito triste, é Negrinha. O tema é parecido com o anterior, pois se trata da exploração de uma menina. Esse conto foi escrito por Monteiro Lobato, e  mesmo esse sendo um autor conhecidamente infantil, acho que esse conto não deve ser classificado com tal. Negrinha é uma criança orfã filha de uma escrava, que cresceu apanhando e sendo xingada pela patroa da mãe, e depois que a mãe morre, é criada por "piedade" por esta. A vida da menina muda um pouco quando a senhora recebe a  visita de duas sobrinhas loiras e com  suas bonecas. Pela primeira vez na vida a menina aprende o que é brincar, o que é uma boneca, o que é ser feliz, e que ela era humana e tem  uma alma. As sobrinhas da patroa  vão embora, levando seus brinquedos,e a vida de Negrinha até que melhora um pouco, mesmo após essa partida. Mas a menina havia mudado,  ela havia visto outro face, e não consegue conviver com isso. Ficou com os seus sonhos, com as brincadeiras e a boneca loira em seu pensamento. Assim ela morre num canto, sonhando com aquela infância que ela viveu brevemente, e  na sua imaginação cercada de anjos e bonecas:
"Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada.
Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas.
Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou...
E tudo se esvaiu em trevas." 
Há um poema de Cecília Meireles que eu acho de certa forma triste, O menino azul, que quer um burro para viajar o mundo, um burro que fale e que sabe histórias. No final do poema é dito por que burro deveria ser tão sábio. O menino não sabe ler,  e por mais estranho que pareça, pedem para escrever para o garoto se alguém souber de tal burro. É um sonho impossível e mesmo que ele exista não alcançará o garoto que não sabe ler. É uma desesperança.
O Menino Azul 
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

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