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domingo, 10 de julho de 2011

A mentira dele

Antes da missão, ele mentiu para ela. Já estava acostumado com isso. Ele mentia para protegê-la, mentia porque mandavam, mas não porque queria.  Sabia fazer isso muito bem. Mas nada amenizava a reação dela ao descobrir a verdade,  se  ela descobria. Dessa vez,  mandaram ele mentir, e era importante, toda a agência estava correndo risco, se eles não conseguissem mudar a situação, todos agentes iriam morrer, inclusive ela, então ele fez com que acreditasse. Durante a missão, ela foi capturada. E ele foi resgatá-la, e acabou sendo preso também, mas fazia parte do plano. Eles queriam a informação que ele havia passado a ela, e ela não sabia que era falsa. Mesmo assim não havia falado, mas se fosse depender dele, falaria. Ela estava  machucada, e como ele queria se libertar ali mesmo e acabar com o homem que a havia ferido. Mas esse não era o plano, e muitas vezes ela saia machucada nas missões, era a vida deles.  Depois de alguma pressão psicológica sobre os dois. Ele foi levado para a sala de interrogatório, e eles começaram a usar os seus instrumentos. A dor era quase insuportável, mas ele estava preparado. Não ia entregar nada. O trouxeram de volta. Ela estava lá, ele não precisava fazer nada, tudo estava caminhando do jeito que queria. Mas usou a situação. A tensão era verdadeira, e ele usou o momento. E disse umas verdades para variar. Falou sobre a tortura, o que ele sentia por ela, como ela era importante para ele. Eles podiam ser mortos a qualquer momento, e isso só ia ajudar a missão. Então ele foi verdadeiro, e disse o que queria falar há algum tempo. Os torturadores voltaram, e ela cedeu por causa dele, passou a mentira adiante. A missão oculta dele havia terminado, e era hora dos dois fugirem. Quando foram deixados sozinhos,  pegou uma ferramenta do bolso, se libertou e em seguida ela. No meio da fuga, ela desconfiou. Descobriu e o confrontou. Então era tudo mentira, disse ela mais uma vez magoada (já havia feito isso diversas vezes). Ele nem respondeu. E logo após, ela foi atingida por um tiro. E ficou inconsciente. Ela podia morrer, e se isso acontecesse,  morreria sem saber o que ele sentia. Pior, morreria magoada por causa das mentiras dele. A missão havia terminado, todos estavam a salvo agora, menos ela. Ele a levou para agência, e ela recebeu todos os cuidados necessários. Mas mesmo assim, não acordou. Talvez fosse melhor assim, ela ficaria sonhando, provavelmente com algo melhor. Ficaria num lugar em que ele não pudesse magoá-la. No fundo, era ele quem a feria com maior frequência.  Ele não queria ficar longe dela, e não ficou. Ela precisava saber a verdade. Precisava saber... Quando todos foram embora, ele  se aproximou dela. A tocou com carinho e fez o que ele não tinha costume, disse algo totalmente verdadeiro: Nem tudo era mentira. E em seguida a beijou. E ela se mexeu. Ela estava bem. Talvez tivesse escutado, mas não era isso o que importava realmente. Ele tinha dito o que sentia e ela estava viva, e ainda teria chances para descobrir essa verdade. Entretanto a situação entre eles não podia mudar , pelo menos não por enquanto. Havia outras coisas envolvidas, e o mundo deles era muito perigoso para ficarem juntos.
-------Postagem vinculada: O medo dela

2 comentários:

  1. Cintia, gostei demais do seu blog. Vou colocar o link a partir do meu blog. Parabéns, vou divulgar

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  2. Obrigada, Zé, elogios significam muito para mim. E sim, divulgação sempre é bom. Valeu, e continue acompanhando.

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