Trilogia Batman: O Cavaleiro das trevas (Parte 2)

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Batman – O Cavaleiro das trevas (The Dark knight), o segundo filme do Batman dirigido por Christopher Nolan,  foi a maior bilheteria de 2008 com mais de 1 bilhão de dólares na arrecadação total.  E também marcou o cinema no modo de fazer filmes de personagens baseados em quadrinhos, com uma ótica mais séria e realista (coisa que já se via no primeiro filme Batman Begins), uma excelente história e personagens, buscando inspiração em HQs, esse filme conseguiu honrar e ter uma densidade que as melhores estórias de Batman possuem (é um baita filme), e para muitos é considerado o melhor filme de personagens em quadrinhos (eu estou incluída nesses muitos).

Seguindo o filme anterior, Batman e seus aliados (James Gordon, Alfred, Lucius Fox ,etc) continuam lutando contra o crime e a corrupção com o objetivo de recuperar a cidade em que vivem, Gotham.  Essa começa a mostrar sinais de recuperação quando a taxa de crimes diminui por causa do medo dos bandidos pelo Batman, e pela participação da população na eleição de candidatos que prometem lutar contra a corrupção (ahhh, até eu votei, hahaha, na internet podia votar).  A principal imagem dessa nova Gotham é Harvey Dent, o lutador e honesto promotor recém-eleito, que realmente persegue os corruptos e o crime organizado, que antes dominavam a cidade.

Nesse cenário surge um elemento caótico, ou melhor, um personagem aloprado, o Coringa, que desafia a ordem e atinge bandidos e “mocinhos”.  O Coringa consegue convencer os mafiosos a utilizarem-no para acabar com o Batman, e nessa guerra caótica, o palhaço acaba colocando terror em toda a cidade.

O filme é ,por assim dizer, bem denso e político e faz pensar em assuntos da natureza humana, elementos como maldade, bondade, crime, corrupção, esperança, loucura. O Coringa é um personagem que realmente faz pensar, um cachorro louco como diz Alfred, que não quer dinheiro, ou outro tipo de compensação, quer apenas ver o mundo pegar fogo.  Um anarquista sem limites, que quer mostrar a sociedade que a loucura pode atingir todos, quer desenterrar a verdadeira natureza humana. Essa me pareceu uma visão bem interessante do personagem. Nos quadrinhos, tem certamente uma parcela disso, e acredito que o filme apenas retirou um pouco do seu humor bonachão (colocando somente o humor extremamente negro) e também o seu estilo colorido e arrumado de vestir (seu estilo era mais bagunçado), mesmo assim, acho que em questão de personalidade se aproximou bastante da dos quadrinhos que gosto.

Já na outra esfera há Harvey Dent, e o que não é segredo para muitos, ele irá se tornar o vilão Duas Caras. O cavaleiro branco de Gotham quer trazer esperança a uma cidade destruída, e de certa forma, consegue com a ajuda de Batman e Gordon.  Prender e julgar criminosos é apenas um passo para mostrar que as coisas podem funcionar. Mas tragédias em sua vida pode mudar a visão desse homem idealista, que já mostrava certo autoritarismo ou até mesmo loucura antes dos piores acontecimentos.  

O Batman aprende que ele tem certos limites, e realmente aparenta está mais cansado, mais magro, como se a luta contra o crime o tivesse realmente debilitando-o. Sem contar que deu para ver alguns elementos de cientista/detive no personagem, que faltaram no filme anterior (foi pouco, mas não foi inexistente).  James Gordon aparece mais, mostrando sua família, sua aliança com Batman e  Dent e até um certo cinismo muito gostoso de se ver (talvez esse homem íntegro seja o verdadeiro cavaleiro branco de Gotham, não?).  Alfred continua como guia de Bruce, sempre ajudando e dando conselhos valiosos a ele. E outro ainda muito interessante é Lucius Fox, o administrador das indústrias Wayne, a face econômica da luta na recuperação da cidade.  Ele ainda ajuda Bruce com tecnologias e estratégias para ele agir como Batman e até alfineta certos empresários inescrupulosos. E claro uma das melhores falas do filme para mim é dele, aquela com um funcionário tentando chantagear Bruce Wayne.  Além desses personagens do filme anterior, ainda há Rachel Dawes, a promotora amiga de infância de Bruce, em Begins ela teve uma função contestável, já em  The Dark Knight (com outra atriz interpretando) se tornou realmente uma personagem importante. Mas ainda acho que todo esse dilema com ela poderia ter sido feito com outras personagens. Realmente gostaria de ter visto Harvey Dent já no primeiro filme como promotor, era uma forma de acostumar e simpatizar com Harvey, antes dele se tornar um vilão, além de ter um personagem que eu realmente gosto por mais tempo na tela.

Grande parte das cenas de ação foram feita em Imax,  a tecnologia preferida de Nolan, que não é muito empolgado com a 3D (eu também venho me desiludindo com ela, já que nos últimos filmes 3D que vi, não notei muita coisa).  Dessa forma, as cenas de ação do Cavaleiro das Trevas foram consideradas melhores que a do filme anterior, e por assim dizer, notei que se tornaram mais “amplas”, “claras” e com tomadas mais longas.  Outra coisa interessante é que Nolan defensor do realismo em suas histórias chega ao ponto de evitar ao máximo o uso de CG e  outros efeitos especiais. Para se ter uma ideia, na cena  em que um hospital explode, um prédio de verdade foi detonado e Heath Ledger ( ator que deu um show como Coringa, que morreu pouco antes do filme estrear e até recebeu um Oscar póstumo pelo papel) saiu andando dele realmente no momento da explosão.

 Esse filme teve uma extensiva campanha “viral” (na internet) antes da sua estreia. Diversos sites formam feitos, fãs puderam se envolver, enviando fotos e mensagens (fotos de palhaços em pontos do mundo ou com cartazes sobre Harvey Dent), e até mesmo votar na eleição de Gotham  (eu votei no Duas-Caras, hahaha). Slogans como “I believe in Harvey Dent”  (eleição de Harvey )ou “I believe in Harvey Dent too” ( paródia/invasão do coringa), “Why so serius?” (frase do Coringa) foram propagados. Além de vídeos do Gotham Cable News ( Gotham Tonight) que usaram atores e personagens do próprio filme e foram vinculados antes da sua estreia. Aliás, esses vídeos são bem interessantes, além de proporcionar um maior entendimento sobre a situação de Gotham, traz algumas informações extras sobre a história e os personagens (no DVD duplo do filme eles são extras e ainda é possível encontrá-los na net).

O Cavaleiro das Trevas é um filme realmente fenomenal. Não digo que é perfeito (pois em minha opinião é muito difícil algo atingir a perfeição).  Há algumas frases de efeito estranhas que podem parecer artificiais.  E também acho que o Duas-Caras foi mal aproveitado (Harvey Dent aparece bastante, mas o Duas Caras pouco). Para mim, esse vilão poderia aparecer mais ou quem sabe em outro filme? Os melhores vilões do Batman são justamente O Coringa (sempre em primeiro) e depois  Duas-Caras, ao meu ver são os que mais causaram danos ( na grande maioria emocionais) ao Batman. Por isso eles são fodas, e eu gostaria de ter visto mais do segundo.

Como já foi dito antes, há muita influência dos quadrinhos. No lado de Harvey Dent, a formação do Duas-Caras, a luta contra a máfia e corrupção,e a aliança de Gordon, Dent e Batman, tem  grande inspiração na história “Batman- O Longo dia das Bruxas”. Há cenas claramente inspiradas nela como a de colocar fogo numa montanha de dinheiro, ou até mesmo os encontros de Batman, Gordon e  Dent no telhado. Ainda há uma inspiração de “Batman- Ano Um” com o herói salvando o filho de Gordon.  Do lado do Coringa, também notei algumas referências, na verdade em questão de história a que eu mais achei parecida foi “O Homem que ri”, a ideia de colocar terror com atentados a pessoas importantes, uma das bases do filme, é bem visto nela.  Há ainda um pouco de “A piada mortal” com o Batman interrogando o Coringa com a maquiagem borrada,   a ideia de “enlouquecer” alguém íntegro (no filme é Harvey Dent, nos quadrinhos é Gordon) e o  Coringa tentando mostrar a verdadeira natureza humana. Vi até um pouquinho da história Louco Amor, onde o palhaço conta histórias diferentes sobre sua vida/origem para as pessoas.

Enfim, o Cavaleiro das Trevas é um filme imperdível, talvez seja um pouco complexo, mas eu não sou de subestimar o público, há muitos detalhes, mas só precisa prestar atenção. Ainda não vi o próximo filme "O Cavaleiro dasTrevas Ressurge", mas estou com grandes expectativas e pretendo escrever sobre ele, então não  posso falar que TDK é o melhor filme do Batman, apesar de duvidar que  esse último seja melhor do que ele, pois o segundo filme é realmente impressionante.