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domingo, 19 de junho de 2011

Um clássico: 12 homens e uma sentença

 A impressão que eu tenho é que muitos cineastas, e espectadores atuais, não dão valor ao que para mim é  talvez o elemento mais importante do filme: o roteiro.  Ver filmes como Avatar e Sucker Punch, que tem os seus fãs que os chamam de obra prima (tudo bem Avatar tem o seu valor por desbravar a tecnologia digital com uma qualidade excelente de imagem, e  é o filme  que melhor soube aproveitar os elementos 3D, mas  é só isso, e não é importante para mim), só me faz pensar que plateia não exige muito ou não sabe apreciar a verdadeira qualidade, não sabe o real significado de obra prima.  Um filme não precisa de imagens belíssimas, cenários mirabolantes ou efeitos especiais para ser bom. Um bom roteiro, bons personagens e atuações é o suficiente para um filme, que pode inclusive ser chamado de obra prima.
Um grande exemplo disso é o filme 12 homens uma sentença (12 angry men). Ele é de 1957, em preto- e- branco ( há uma refilmagem colorida, para os que não abrem mãos das cores), e com exceção de 2  cenas externas (e curtas) se passa numa sala de júri. O roteiro é simples, parte de um argumento comum, de 12 jurados decidindo o destino de um acusado, mas o desenrolar dos personagens e acontecimentos é magistral, e mesmo se passando apenas num cenário e sendo baseado nos argumentos e discussão dos personagens não cansa em momento nenhum, afinal eles são excelentes, bem interpretados(dentre o elenco há ótimos atores, como Henry Fonda.) e tem boas falas.
O filme começa num tribunal, onde um juiz passa instruções ao juri, que se reune numa sala, onde deve decidir unanimemente se um rapaz de 18 anos é o responsável pelo assassinato do pai. Na votação inicial, 11 jurados o declaram culpado, e apenas o jurado 8, vota em inocente. Nesse ponto todos querem convencê-lo de que ele está errado, de que deve votar culpado para que todos possam voltar para casa. Mas, ele, em contrapartida, começa a argumentar, mostrando falhas no julgamento, na defesa, testemunhas não confiáveis e outros fatos que o deixaram com o pé atrás ao condenar o garoto a morte. Eles devem gastar um tempo, pois a vida de alguém está em jogo. 
O clima é tenso, cada jurado é diferente e tem um motivação. Há o jurado idoso e sensato, o que quer ir embora para assistir um jogo, o racista, e diversos outros tipos, que  alimentam a discussão em diversos momentos. Os personagens se mostram verdadeiros, e há muitas brigas por motivos pessoais. O processo  é destilado, o motivo de declarar a inocente ou culpado, parece ser na maioria das vezes por opiniões e preconceitos e não relacionado com o caso em si. 
O filme teve uma bilheteria baixa (a qualidade nem sempre atrai o público), mas não acho muito estranho, já que a proposta de se passar quase todo numa sala de juri é diferente e não muito atrativa, pois parece ser algo chato. Mas o tempo foi bom em remediar essa injustiça. Hoje, esse é considerado um dos melhores filmes de julgamento já feitos, não trouxe uma visibilidade com o público na época, mas atualmente é muito bem visto, inclusive há uma refilmagem com Jack Lemmon interpretando o papel que foi de Henry Fonda (jurado n. 8 ou Davis). É um clássico que mudou a visão do que pode ser emocionante, a forma de se fazer um filme de julgamento e que acima de tudo considerou o roteiro, e muitos cineastas atuais deveriam olhar isso, o roteiro.

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