Eu estava lá em posição de guarda, já havia deixado passar mais bolas do que deveria. A torcida gritava o nome de outro goleiro. E o jogador batia o penalti. Prometi para mim, se aquela bola entrasse, eu iria atender a vontade da torcida e sairia. A bola vinha em direção ao gol, fui em sua direção e ela se encaixou em meus braços. E o som que eu comecei a escutar mudou, entre gritos de felicitações, era o meu nome que eu ouvia.
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Ela estava ali, prestes a pular de um desfiladeiro. A pressão do mundo a impulsonavaa pular, quem sabe, nesses instantes de queda, ela atingisse a verdadeira liberdade,a verdadeira felicidade. Sentiria o vento ativando as sensações do seu corpo. Talvez ela voaria para um lugar melhor. Encontraria uma nova morada. Quem sabe? Entretanto, ainda tinha tanto o que viver... Sofrer... Ser feliz... Estava na hora de um passo tão definitivo? Olhou para trás e depois para o penhasco e fez a sua escolha. Pulou com olhos fechados, sentiu o vento a atravessando, a sua vida passava em sua mente. Ela estava livre? Abriu os olhos, estava perto do chão. Por alguns instantes havia voado. Chegou ao chão e acordou... Aquilo fora um sonho? Ou havia acontecido? Para ela, aconteceu sim, em sua mente, sua imaginação, o lugar onde ela existia de verdade. No "mundo real", ela não pularia. Mas o que é real? A mente a faz viajar e a ter sensações que não teria na realidade. Fora da mente ela não pularia nunca. Por que será? O fato é que apesar da vida ser difícil, ela a amava.
Ele estava ali, parado sozinho diante da multidão. O vazio em sua frente justificava o fuzuê que vinha de trás. O trem estava atrasado. Olhou para o relógio em seu pulso, olhou para o outro lado do despenhadeiro. Uma bela moça aguardava diante dele o trem contrário, que a levaria para sempre de sua vida. Seu trem chegou e enquanto fechava os olhos buscando gravar aquela garota em sua mente, preparou o corpo para todo o contato humano que teria no dia. Sim, contato humano, aquela necessidade básica de toda pessoa sã. As portas se abriram e ele sentiu com entusiasmo o gado empurrando-o trem adentro, uma avidez desconcertante, uma indiferença gritante. Quando parou, prensado contra a porta oposta, abriu os olhos e a viu mais uma vez. Sorrindo. O trem se foi e a memória tomou seu lugar. Era uma bela quarta-feira na Sé, pensou.
ResponderExcluirMuito bom, WarFalci, adorei o que você escreveu. Gostaria que mais pessoas fizessem comentários assim e que eu tivesse mais escritos desse tipo para responder o seu comentário.
ResponderExcluirMenina, que bom saber que voce tem tino para escrita... Manda mais desses textos para apreciarmos...Continue Cintia. Abraços.
ResponderExcluirObrigada, me deu vontade de escrever mais.
ResponderExcluirÉ engraçado como ler nos motiva a escrever. Mas nada nos motiva mais que ser bem lido. :)
ResponderExcluirVou tentar manter um olho por aqui... e postar uma pequena contribuição de vez enquando. ;)
Essa contribuição será muito bem vinda, WarFalci. Fui no seu blog, e gostei muito do que você escreve (só esta um pouco desatualizado).
ResponderExcluirEle estava ali, sentado no terminal, numa cidade que não era a sua, cansado após um longo dia de trabalho. Sozinho em meio á uma multidão de pessoas sozinhas e cansadas, assim como ele. Nos rostos, tristeza, indiferença, apatia. E cansaço. Almas perdidas e sem destino em corpos aguardando o ônibus que os levaria...levaria para onde mesmo? Não importava. No dia seguinte tudo se repetiria afinal.
ResponderExcluirFinalmente, atrasado como sempre, o ônibus chega e ele embarca. Junto com eles os corpos, e olhando pra eles pensa: onde estarão suas almas? Onde estará a sua? É tarde, e enquanto o ônibus segue sua rota, ele viaja. Pra onde vai aquele senhor? Quem estará esperando aquela senhora quando ela chegar em casa? Será que aquela garota linda tem namorado? E o motorista: será que está pensando nos seus filhos? Qual o objetivo de tudo isso afinal? Ele se vê subindo, subindo acima do ônibus, voando. Lá de cima vê ele seguindo sua rota, levando sua carga de sonhos perdidos, desilusões, e porque não esperança. Esperança de que amanhã será diferente. Hora de descer, sua parada está próxima. É uma linda noite de primavera.
Muito bom, bem no clima dos textos. Obrigada pela contribuição, deixou essa página mais bela.
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